Estudo aborda ensino de física em contexto histórico na Amazônia
Com o título “Olhares inexplorados sobre a Amazônia no Ensino de física: uma abordagem histórica de ciência e tecnologia na Amazônia com ênfase nos relatos dos naturalistas”, o professor Adelino Antônio da Silva Ribeiro, apresentou pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), sua defesa de tese de doutorado, na última sexta-feira, 11, às 9h, no auditório Rio Negro do IFCHS, com a proposta de analisar o impacto para o desenvolvimento dos conceitos e teorias científicas à percepção proporcionada in loco da natureza amazônica, fundamenta nas visões de mundo dos naturalistas.
A pesquisa se propôs a um diálogo interdisciplinar entre o ensino de física, a cultura Amazônica e a ciência naturalista dos europeus que percorreram esta região na metade do século XIX, em razão da sua territorialidade e da sua rica biodiversidade. Buscou-se, então, extrair de suas obras a existência de um saber-fazer local enquanto fonte empírica de conhecimento ou de uma incipiente ciência (photo-física) que foi renegado pela ciência europeia, como algo inútil.
De acordo com o doutorando, redescobrir esses saberes é fundamental para que seus pressupostos possam ser retrabalhados com um olhar mais atualizado e crítico, a demonstrar que este rico legado, conceituado de photo-física, envolve um espectro de questões cujo enquadramento constitui uma constelação epistêmica para que não se dissociem e irrompam em fragmentos autônomos e isolados.
Além de utilizar as referencias teóricas de diversos autores que propõe uma abordagem estrutural argumentativa, o doutorando utiliza também em seu trabalho, elementos metodológicos que visa elucidar as questões propostas e, por meio desses marcos, que são às memórias, às histórias, a ciência e a cultura, ele busca entrelaçar e se articular, para tecer um quadro epistêmico, coerente sob o pano de fundo tecido por ideias vagas e imperfeitas que o denomina de impurezas extra-científica.
O estudo revela que os marcadores empregados pelo os iluministas, abriram novos e significativas perspectivas para a evolução do conhecimento cientifico e, principalmente, da prioridade a História Natural como linguagem consensual empregada pelos naturalistas nas expedições científicas à Amazônia, impulsionado pelos empreendimentos expansionistas e colonialistas durante a exploração econômica da região. E, nessa correlação de forças entre o centro e a periferia, o imperialismo e a subordinação de povos e culturas completamente distintas, a História Natural contribuiu para soterrar a proto-física da população local. Neste sentido, explica o pesquisador, que a ciência iluminista e as viagens científicas desenvolveram um novo olhar ao ambiente amazônico, cujo atrativo pelo maravilhoso foi alterado por outras questões polêmicas e controversas, como a debilidade do homem americano , o determinismo climático e o papel da biodiversidade para a evolução das espécies. Ele cita também em suas pesquisas, novos fatos e processos que vai alterar os rumos da institucionalização das ciências no País, especialmente, na Província do Amazonas.
A Banca Examinadora foi composta pela professora Marilene Corrêa da Silva Freitas (presidente), do professor Hidemberg Ordozgoith da Frota, do professor Odenei de Souza Ribeiro, do professor Glaúcio Campos Gomes de Matos e da professora Rosa Ester Rossini.