Dissertação do PPGSCA retrata sobre o universo das travestis trabalhadoras do sexo em Manaus
Com o título “A travesti pinta o rosto pra viver?: As vivências das trabalhadoras do sexo na cidade de Manaus”, o mestrando do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), Washingthon Napoleão Eufrázio, sob a orientação da professora doutora Simone Eneida Baçal de Oliveira, defendeu sua dissertação no último dia 05 de maio, na Sala de Reunião do Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS).
A pesquisa de Washingthon procurou analisar as condições objetivas e subjetivas no trabalho sexual, bem como entender o modo que as trabalhadoras vivenciam a homossexualidade, travestilidade. Procurou compreender também se o trabalho sexual possibilita algum tipo de emancipação.
Os procedimentos metodológicos foram realizados através de entrevistas semiestruturadas e perfil socioeconômico. Os resultados da análise evidenciaram que a travesti adentra no trabalho sexual pela falta de oportunidade no mercado formal de trabalho, mas quando inseridas, buscam melhor condição de vida através da atividade, propiciando autonomia e independência financeira.
Washingthon acrescenta que existem fatores que dificultam a emancipação, como a falta de reconhecimento do trabalho e, principalmente, a violência sofrida pelas travestis, provocando grande tristeza e sofrimento, ou por sofrer agressões ou presenciarem assassinatos das colegas de trabalho.
Outro tópico desenvolvido foi sobre a regulamentação do trabalho sexual, no Brasil, que ainda está longe do ideal, visto que a problemática deve ser entendida como uma questão de saúde pública. Também foram destacadas que a transformação corporal das travestis tem impacto direto no trabalho, pois quanto mais atributo feminino, aumenta a quantidade de clientes.
O mestrando conclui sua dissertação defendendo que a travesti trabalhadora do sexo poderia exercer sua atividade plenamente, caso diminuíssem os índices de agressões e tivesse uma regulamentação do trabalho sexual no Brasil, como já ocorrem em outros países como a Holanda e Espanha.
A banca examinadora foi composta pelas professoras doutoras Simone Eneida Baçal de Oliveira (presidente), Iolete Ribeiro (membro) e Lidiany Cavalcante (membro).